11.5.05

PROBLEMAS GERACIONAIS - Só vim a descobrir na faculdade o avesso de uma postura moderada e observadora quando já não pude controlar a distância que se me impunha entre os ideais estóicos de juventude e os autoproclamados revolucionários da faculdade de filosofia. Professores, alunos ou funcionários, logo descobri que a distância era vertida em nojo. Não o nojo dito político. Tratava-se de nojo da liberdade que aquelas pessoas apregoavam. Liberdade de pensamento que se convertia facilmente em censura ao menor sinal de dissidência. Liberdade de ação que, posta em dúvida, ganhava os contornos constrangedores da histeria coletiva. O conflito instaurado entre meus modos francamente titubeantes e a certeza que os jovens revolucionários pintavam nos cartazes da greve estudantil, obviamente, me obrigou a uma posição, bem como à necessidade de agir sorrateiro por corredores, ou ainda sob disfarces que só tiveram algum sucesso em virtude do estado de arrebatamento em que meus oponentes invariavelmente se encontravam.
De todas as observações que pude fazer ao longo de anos bastante conflituosos na universidade, poucas serviram para a vida fora dos muros. Mesmo o escárnio em que me deleitava ao ver certos tipos, outrora muito libertários, em trajes de escritório ou empenhados num enfrentamento risível do mundo mediante a constituição de famílias e a pedagogia "voltada a um futuro melhor" ganhou, com o tempo, ares de tédio. Não há o que tire dos olhos e das ações daquelas pessoas o semblante de derrota e confusão, tão bruto, tão enrijecido quanto a moral que hoje lhes serve de fortaleza contra o mundo - mundo que, por fim, jamais as atacou do modo que elas desejaram. A verdade não foi algo que elas puderam algum dia perder.

PROBLEMAS GERACIONAIS - Só vim a descobrir na faculdade o avesso de uma postura moderada e observadora quando já não pude controlar a distância que se me impunha entre os ideais estóicos de juventude e os autoproclamados revolucionários da faculdade de filosofia. Professores, alunos ou funcionários, logo descobri que a distância era vertida em nojo. Não o nojo dito político. Tratava-se de nojo da liberdade que aquelas pessoas apregoavam. Liberdade de pensamento que se convertia facilmente em censura ao menor sinal de dissidência. Liberdade de ação que, posta em dúvida, ganhava os contornos constrangedores da histeria coletiva. O conflito instaurado entre meus modos francamente titubeantes e a certeza que os jovens revolucionários pintavam nos cartazes da greve estudantil, obviamente, me obrigou a uma posição, bem como à necessidade de agir sorrateiro por corredores, ou ainda sob disfarces que só tiveram algum sucesso em virtude do estado de arrebatamento em que meus oponentes invariavelmente se encontravam.
De todas as observações que pude fazer ao longo de anos bastante conflituosos na universidade, poucas serviram para a vida fora dos muros. Mesmo o escárnio em que me deleitava ao ver certos tipos, outrora muito libertários, em trajes de escritório ou empenhados num enfrentamento risível do mundo mediante a constituição de famílias e a pedagogia "voltada a um futuro melhor" ganhou, com o tempo, ares de tédio. Não há o que tire dos olhos e das ações daquelas pessoas o semblante de derrota e confusão, tão bruto, tão enrijecido quanto a moral que hoje lhes serve de fortaleza contra o mundo - mundo que, por fim, jamais as atacou do modo que elas desejaram. A verdade não foi algo que elas puderam algum dia perder.

1 Comments:

At 3:15 AM, Blogger indigesto said...

Citando Napoelão diante das pirâmides, seria o trabalho de uma vida, dileto amigo Qorzi.

 

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