30.6.05


ESTEREÓTIPOS - O prefeito de Campinas (a notícia é da CBN - quem ouviu que me corrija) vetou o uso das tradicionais fantasias de caipira (homens e meninos de camisa xadrez e bota; meninas bem maquiadas de saia e trancinha) em concursos municipais de quadrilha, alegando inaceitável o estereótipo do caipira. Segundo as autoridades, só poderia concorrer em trajes típicos o caipira genuíno, filho da terra - e com residência
comprovada em bairro rural, eu suponho. Essa notícia me deixou bastante espantado. Na semana passada, vi um casal acompanhando um pequeno texas cowboy e lembrei quão demodé estava minha fantasia de 1984, quando fui investido de camisa xadrez, calça com joelheiras de couro, bigode e pontinhos de barba para fazer o noivo do pré-primário. Não é para achar graça: esse foi um dos pontos altos da minha vida.
Há um ano atrás estive em Pirangi (é assim que se escreve: 382 km de São Paulo, nas imediações de Catanduva) e não vi caipiras genuínos. Todos os jovens já haviam trocado os trajes tradicionais por bermudões floridos, havaianas coloridas (um deles me arrumou uma que eu guardo e uso até hoje) e aquelas continhas de amarrar no tornozelo. No que se refere à moda, estavam em Bertioga. Meu primo, aliás, tinha uma Saveiro tunada estilo Luciano Huck. Tudo bem que o Carnaval Caldeirão que eles me propunham contava com o famoso "meninos surfistas de um lado da praça do coreto, meninas surfistas do outro". Mas quando me convidaram para Barretos, sabia que a disqueteira da Ivete Sangalo prometia Garth Brooks até o chão furar.
Diante das evidências, só nos resta esperar que a prefeitura de Campinas (eu acho que era Campinas) faça nascer um novo La Bruyère.

SINCERIDADE - Em certo ponto da vida, a gente tenta. Os advogados (apud Roberto Jefferson) dizem: a verossimilhança é pior que a mentira. Cá entre nós, a gente sabe que isso não é verdade.



ESTEREÓTIPOS - O prefeito de Campinas (a notícia é da CBN - quem ouviu que me corrija) vetou o uso das tradicionais fantasias de caipira (homens e meninos de camisa xadrez e bota; meninas bem maquiadas de saia e trancinha) em concursos municipais de quadrilha, alegando inaceitável o estereótipo do caipira. Segundo as autoridades, só poderia concorrer em trajes típicos o caipira genuíno, filho da terra - e com residência
comprovada em bairro rural, eu suponho. Essa notícia me deixou bastante espantado. Na semana passada, vi um casal acompanhando um pequeno texas cowboy e lembrei quão demodé estava minha fantasia de 1984, quando fui investido de camisa xadrez, calça com joelheiras de couro, bigode e pontinhos de barba para fazer o noivo do pré-primário. Não é para achar graça: esse foi um dos pontos altos da minha vida.
Há um ano atrás estive em Pirangi (é assim que se escreve: 382 km de São Paulo, nas imediações de Catanduva) e não vi caipiras genuínos. Todos os jovens já haviam trocado os trajes tradicionais por bermudões floridos, havaianas coloridas (um deles me arrumou uma que eu guardo e uso até hoje) e aquelas continhas de amarrar no tornozelo. No que se refere à moda, estavam em Bertioga. Meu primo, aliás, tinha uma Saveiro tunada estilo Luciano Huck. Tudo bem que o Carnaval Caldeirão que eles me propunham contava com o famoso "meninos surfistas de um lado da praça do coreto, meninas surfistas do outro". Mas quando me convidaram para Barretos, sabia que a disqueteira da Ivete Sangalo prometia Garth Brooks até o chão furar.
Diante das evidências, só nos resta esperar que a prefeitura de Campinas (eu acho que era Campinas) faça nascer um novo La Bruyère.

SINCERIDADE - Em certo ponto da vida, a gente tenta. Os advogados (apud Roberto Jefferson) dizem: a verossimilhança é pior que a mentira. Cá entre nós, a gente sabe que isso não é verdade.