20.7.05

REGINA DUARTE - Criando talvez uma seqüência de celebridades, há uns dias um amigo com quem pouquíssimas vezes falei coisas políticas, nacionais ou internacionais - tido por "alienado" no meio intelectual independente de ideologia - resolveu puxar papo a respeito dos acontecimentos da hora. Que horror, daqui a pouco esses caras vão estourar bomba aqui! Fiquei desconcertado com sua preocupação. Não porque eu jamais tivesse imaginado um comentário daqueles saindo de sua boca. Mas porque, feito o comentário, ele não demonstrou essa horrenda mania "humanística" de temer por "monumentos da humanidade". Os terroristas estão alimentando o cosmopolitismo em nossos conterrâneos. Nas ruas, nas salas-de-bate-papo, nos escritórios desse país, é comum ouvir dúvidas como "nossa, será que os terroristas atacarão Roma?" ou "como será que as pessoas de Tóquio se sentem numa hora dessas? Eles têm um metrô fabuloso!". As especulações sempre vêm acompanhadas de comentários humanistas horrendos, os mesmos que embasam - a despeito do conteúdo técnico dos documentos - patrimônios históricos cercados de miséria por todos os lados e pacotes culturais para bancários em férias.
Eu já não sei o que temo mais, se um terrorista ou um humanista de boteco. Fico com o exemplo do Drão: numa hora dessas, é melhor cuidar do próprio rabo.

PAULO COELHO - Mais do que samba, futebol e mulata, nosso país admira o mundo. É bonito conhecer o mundo, saber o que o mundo pensa, o que o mundo sente, o que o mundo vai fazer, o que o mundo quer de nós, o que podemos oferecer a o mundo. O mais gozado é que só existem duas coisas reais que prendem o Brasil ao mundo e elas são, no geral das opiniões, desprezáveis: Paulo Coelho e a dívida externa. Enquanto isso - e aí eu me divirto - as pessoas vão elencando monumentos, livros, sinfonias, costumes, civilidade. Me disseram esses dias que o povo europeu não cospe, nem mija na rua. Eu fiquei pensando: mas o que então o europeu faz na rua? Paulo Coelho knows - e se me perdoarem a alegoria, a Dívida também.

REGINA DUARTE - Criando talvez uma seqüência de celebridades, há uns dias um amigo com quem pouquíssimas vezes falei coisas políticas, nacionais ou internacionais - tido por "alienado" no meio intelectual independente de ideologia - resolveu puxar papo a respeito dos acontecimentos da hora. Que horror, daqui a pouco esses caras vão estourar bomba aqui! Fiquei desconcertado com sua preocupação. Não porque eu jamais tivesse imaginado um comentário daqueles saindo de sua boca. Mas porque, feito o comentário, ele não demonstrou essa horrenda mania "humanística" de temer por "monumentos da humanidade". Os terroristas estão alimentando o cosmopolitismo em nossos conterrâneos. Nas ruas, nas salas-de-bate-papo, nos escritórios desse país, é comum ouvir dúvidas como "nossa, será que os terroristas atacarão Roma?" ou "como será que as pessoas de Tóquio se sentem numa hora dessas? Eles têm um metrô fabuloso!". As especulações sempre vêm acompanhadas de comentários humanistas horrendos, os mesmos que embasam - a despeito do conteúdo técnico dos documentos - patrimônios históricos cercados de miséria por todos os lados e pacotes culturais para bancários em férias.
Eu já não sei o que temo mais, se um terrorista ou um humanista de boteco. Fico com o exemplo do Drão: numa hora dessas, é melhor cuidar do próprio rabo.

PAULO COELHO - Mais do que samba, futebol e mulata, nosso país admira o mundo. É bonito conhecer o mundo, saber o que o mundo pensa, o que o mundo sente, o que o mundo vai fazer, o que o mundo quer de nós, o que podemos oferecer a o mundo. O mais gozado é que só existem duas coisas reais que prendem o Brasil ao mundo e elas são, no geral das opiniões, desprezáveis: Paulo Coelho e a dívida externa. Enquanto isso - e aí eu me divirto - as pessoas vão elencando monumentos, livros, sinfonias, costumes, civilidade. Me disseram esses dias que o povo europeu não cospe, nem mija na rua. Eu fiquei pensando: mas o que então o europeu faz na rua? Paulo Coelho knows - e se me perdoarem a alegoria, a Dívida também.