29.8.05
Via-se que o menino só estava treinando a arte da coerção. Nesse ponto, aliás, parecia bem aplicado: chegou decidido por trás do carro, segurou a janela com força, falou com ódio na minha orelha, deu umas duas fungadas para afetar descontrole. De resto, pode-se dizer que era preto, só para reforçar a verossimilhança. Como eu não podia falar pro Denis Carvalho que olha por nós que eu não sabia ainda meu texto, comecei a contracenar no improviso: demonstrei espanto, não reagi com violência, negociei verbalmente o quanto pude. Resultado: dois cigarros e um isqueiro pela cabeça de um playboy, o que me parece mais do que justo, ainda mais quando o playboy em questão é de quinta: professor desempregado da zona leste; barrigudo; barba grande, sem aparos há pelo menos três meses; bafo; camiseta puída na gola, furada no sovaco; tênis e calças em petição de miséria; carro sujo e batido; desemprego à vista; sucesso nunca foi seu nome.
'Tá aí, Brown: finalmente uma postagem de fundo social.
Via-se que o menino só estava treinando a arte da coerção. Nesse ponto, aliás, parecia bem aplicado: chegou decidido por trás do carro, segurou a janela com força, falou com ódio na minha orelha, deu umas duas fungadas para afetar descontrole. De resto, pode-se dizer que era preto, só para reforçar a verossimilhança. Como eu não podia falar pro Denis Carvalho que olha por nós que eu não sabia ainda meu texto, comecei a contracenar no improviso: demonstrei espanto, não reagi com violência, negociei verbalmente o quanto pude. Resultado: dois cigarros e um isqueiro pela cabeça de um playboy, o que me parece mais do que justo, ainda mais quando o playboy em questão é de quinta: professor desempregado da zona leste; barrigudo; barba grande, sem aparos há pelo menos três meses; bafo; camiseta puída na gola, furada no sovaco; tênis e calças em petição de miséria; carro sujo e batido; desemprego à vista; sucesso nunca foi seu nome.
'Tá aí, Brown: finalmente uma postagem de fundo social.
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