1.11.05
COMO AS DENTADURAS FIZERAM MINHA EDUCAÇÃO MUSICAL - A estória é muito simples. Quando eu era criança eu não conseguia me conformar com dentes pequenos que caiam. Por isso era o terror das dentaduras dos mais velhos. Você não entendeu mal. Eu vestia todas as dentaduras que me apareciam pela frente. Sorrateiro, espera meus avós dormirem para fazer belíssimas combinações. De baixo de um, de cima do outro. Quando viajávamos todos juntos, gostava de procurá-las, vesti-las e depois trocá-las, para que meu avô vestisse as de vovó e assim por diante. Nos meus tempos de troca de dentição eu era um tarado por dentaduras. Não contente com as dentaduras dos avós, atacava as de outros familiares mais velhos. Saía com meu avô e o irmão dele, o Tio Guerino (eles formavam uma bela dupla) para visitar a velharada e batata - sempre corria pela casa com novos modelos, dentes gastos, porém firmes, sem aquela gengivinha nojenta aparecendo a cada risada.
Foi assim que, um belo sábado, na casa da Tia Irma, percebi que ela estava de boca murcha e saí em busca de seus dentes. Banheiro, nada. Armário, nada. Cômoda, gavetas, nada. Eis então que me ocorreu outro lugar em que velhos adoram guardar dentaduras: debaixo da cama, dentro de um copo cheio d'água. Fui até lá. Levantei o lençol. Achei as dentaduras macias da Tia Irma. Dentro do copo, mas na frente de uma caixa preta enorme para os meus um metro e dez. Interrompi o ritual da dentadura e fui logo puxando a caixa de debaixo da cama. Tinha um formato conhecido. Abri a caixa. Descobri o contrabaixo.
Quando reapareci sem dentaduras na cozinha da Tia Irma, meu avô ficou tão emocionado que sequer foi capaz de perceber que eu estava quase que rolando escada abaixo com um contrabaixo duas vezes maior do que eu. Isso foi em 85. Em 86 assisti a todos os jogos da copa "tocando" contrabaixo. Usava carrinhos, pequenos insetos, bonecos do he-man. Meu pai, originalmente o primeiro dono do contrabaixo - isso no tempo em que ele tinha uma banda chamada Troglitas e destruía domicílios - viu que eu precisava de um instrumento mais adequado para o meu tamanho. Trocou o contrabaixo por um violãozinho Gianinni de estudo. Foi aí que tudo começou.
Protéticos de todo o mundo, obrigado. Quando tudo está fodido, ainda sei o que fazer.
COMO AS DENTADURAS FIZERAM MINHA EDUCAÇÃO MUSICAL - A estória é muito simples. Quando eu era criança eu não conseguia me conformar com dentes pequenos que caiam. Por isso era o terror das dentaduras dos mais velhos. Você não entendeu mal. Eu vestia todas as dentaduras que me apareciam pela frente. Sorrateiro, espera meus avós dormirem para fazer belíssimas combinações. De baixo de um, de cima do outro. Quando viajávamos todos juntos, gostava de procurá-las, vesti-las e depois trocá-las, para que meu avô vestisse as de vovó e assim por diante. Nos meus tempos de troca de dentição eu era um tarado por dentaduras. Não contente com as dentaduras dos avós, atacava as de outros familiares mais velhos. Saía com meu avô e o irmão dele, o Tio Guerino (eles formavam uma bela dupla) para visitar a velharada e batata - sempre corria pela casa com novos modelos, dentes gastos, porém firmes, sem aquela gengivinha nojenta aparecendo a cada risada.
Foi assim que, um belo sábado, na casa da Tia Irma, percebi que ela estava de boca murcha e saí em busca de seus dentes. Banheiro, nada. Armário, nada. Cômoda, gavetas, nada. Eis então que me ocorreu outro lugar em que velhos adoram guardar dentaduras: debaixo da cama, dentro de um copo cheio d'água. Fui até lá. Levantei o lençol. Achei as dentaduras macias da Tia Irma. Dentro do copo, mas na frente de uma caixa preta enorme para os meus um metro e dez. Interrompi o ritual da dentadura e fui logo puxando a caixa de debaixo da cama. Tinha um formato conhecido. Abri a caixa. Descobri o contrabaixo.
Quando reapareci sem dentaduras na cozinha da Tia Irma, meu avô ficou tão emocionado que sequer foi capaz de perceber que eu estava quase que rolando escada abaixo com um contrabaixo duas vezes maior do que eu. Isso foi em 85. Em 86 assisti a todos os jogos da copa "tocando" contrabaixo. Usava carrinhos, pequenos insetos, bonecos do he-man. Meu pai, originalmente o primeiro dono do contrabaixo - isso no tempo em que ele tinha uma banda chamada Troglitas e destruía domicílios - viu que eu precisava de um instrumento mais adequado para o meu tamanho. Trocou o contrabaixo por um violãozinho Gianinni de estudo. Foi aí que tudo começou.
Protéticos de todo o mundo, obrigado. Quando tudo está fodido, ainda sei o que fazer.
1 Comments:
Hahahahaha
E eu ainda me pergunto : por que eu venho aqui ler seu blog diariamente?
Você veio ao mundo para arrancar gargalhadas e mim, nego...
Qualquer dia eu te conto como os tais protéticos contribuíram (negativamente, inclusive)para que eu enlouquecesse completamente ...
beijos
Ca
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